O Presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Deputado Elcio Alvares, foi um dos 17 Presidentes de Legislativo de todo o Brasil que participaram, em Florianópolis, em Santa Catarina, do VIII Encontro Nacional do Colegiado de Presidentes das Assembleias Legislativas. O principal assunto discutido foi a ampliação das prerrogativas dos legislativos estaduais, que querem maior autonomia para legislar sobre assuntos que afetam os Estados, estabelecendo legislações específicas para os vários setores.

No encontro, de acordo com o Presidente Elcio Alvares, os Estados se articularam para apresentar propostas de emenda à Constituição Federal. “Na verdade, estas propostas foram discutidas no encontro que fizemos em Brasília, mas precisávamos da adesão de pelo menos 14 Estados para apresentar as propostas, o que conseguimos agora”, afirmou Elcio considerando muito produtivo o encontro. Além da ampliação das prerrogativas os parlamentares endossaram, também, mais três emendas: poder de representação das procuradorias legislativas, da questão fundiária dos Estados a partir da Constituição de 1988 e do investimento dos Estados na saúde.

Palestra
O Deputado Elcio Alvares comentou, ainda, a palestra feita pelo jornalista, professor e doutor em Ciências da Comunicação pela USP, Caio Túlio Costa, sobre “A política e a revolução na comunicação”. Autor de quatro livros, sendo o mais recente “Ética, jornalismo e nova mídia – uma moral provisória”, o palestrante trabalhou 21 anos no Grupo Folha e foi o primeiro ombudsman da imprensa brasileira.

Nela, Caio Túlio abordou a importância das novas mídias e da interatividade entre o Parlamento e a sociedade, assim como características técnicas e premissas éticas necessárias na aplicação e uso dos novos instrumentos da comunicação. Para ele, houve uma desagregação da esfera pública, com mudanças profundas onde as instituições perderam seu poder, sua simbologia, agora consumida pela população de forma diferente. “Hoje os conceitos se liquidificaram e acontecem de acordo com o momento. Quem está conduzindo o processo moral, social e político é a mídia.”

O jornalista acredita que cada pessoa tem poder de mídia e que o mundo está disperso, em parte por ação das redes de comunicação. Entre os vários exemplos citados pelo palestrante e que provam como funciona essa revolução na comunicação, destaque para o da campanha on line do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, baseada, segundo Caio Túlio, no uso extensivo e abusivo das redes sociais, do e-mail marketing, da telefonia fixa e móvel. “Obama foi tratado como um produto que precisa ser administrado junto ao consumidor. O segredo da rede social é conectar amigos e compartilhar informações em torno de um tema, interesse ou causa”, ensinou.

Ele avalia que a campanha criou uma “arquitetura básica”, na qual o usuário podia baixar listas e fazer chamadas telefônicas locais, que são gratuitas nos EUA, para colegas eleitores. A campanha criou, por exemplo, 2 mil vídeos no YouTube, que somam 14,6 milhões de horas/visita. Organizaram a estrutura de campanha em locais onde ela não existiria, com pessoas trabalhando de graça. “A soma dessas ações mudou os resultados da campanha, que deu vitória a Barack Obama.”
Mas o palestrante lembrou que a nova mídia tem problemas, como controle das redes, diversidade cultural e dispersão, entre outros, o que faz com que o jornalista seja coadjuvante no mundo da comunicação. “Há o cidadão-repórter, o indivíduo-repórter”, afirmou.

Sobre o futuro cenário da comunicação, o palestrante disse que o celular será o principal instrumento de ligação à internet para a maioria das pessoas e que a transparência dos indivíduos e das organizações vai aumentar. Mas isso, em sua opinião, não significará mais integridade pessoal ou tolerância social.

Caio Túlio encerrou a palestra, seguida de debate, com o que chamou de “aperitivo eleitoral”. Neste sentido, garantiu que é fácil e simples fazer campanha eleitoral em rede, mas que há complexidade da nova mídia, já que um dos problemas da realidade atual é que a informação extravasa. “Regular privacidade, direito de resposta, o código penal prevê. O que precisa é funcionar, agilizar.”